quarta-feira, 18 de abril de 2012

Atendimento a presos doentes mentais é deficiente no PR Estado conta com apenas uma unidade para abrigar e tratar internos com transtornos psicológicos

Ricardo Chicarelli/30-03-2012
Carceragem do 2º DP, em Londrina, abrigou ao menos dois detentos com problemas mentais nas últimas semanas
Londrina - Presos que têm problemas mentais não recebem tratamento adequado no Paraná. Há pelo menos uma década o número de vagas no sistema médico penal está estagnado. A única instituição especializada em acolher deficientes que cometeram crimes é o Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. A unidade, construída no início da década de 1970, tem 659 vagas para internos (435 homens e 65 mulheres) e 159 para pacientes com doenças como tuberculose e aids.

A exemplo do sistema carcerário que abriga os presos ''comuns'', o Complexo Médico Penal está superlotado: abriga 717 internos (660 homens e 57 mulheres). ''Se tivéssemos mil vagas, todas estariam preenchidas. Fazemos o possível e o impossível para que essas pessoas sejam tratadas imediatamente'', afirmou o diretor-geral da instituição, Roberto da Cunha Saraiva.

Sem vagas em instituição adequada, detentos com transtornos mentais ficam sem tratamento adequado e são obrigados a dividir celas presos comuns, que abarrotam as carceragens dos distritos policiais. Exemplos são comuns.

Um caso recente ocorrido em Londrina é um exemplo das consequências da falta de estrutura do Estado. Em março, Carlos Alberto de Lima Junior, de 20 anos, foi libertado depois de ficar cinco meses no 2º Distrito Policial.

A sobrevivência na carceragem, que abrigava à época três vezes mais presos do que a capacidade, foi especialmente difícil para Lima. Ele perdeu parte do controle motor e da fala depois de sofrer um acidente de moto há quatro anos. Desde então, faz tratamento com remédios controlados.

Ele foi parar na prisão em outubro, depois de ter supostamente agredido a própria mãe. E só foi posto em liberdade depois que parentes dele acionaram a Comissão de Direitos Humanos da subseção de Londrina da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). ''Encontramos ajuda por meio da internet. Ele é muito querido e a gente sabe que num ambiente desses tem gente que poderia abusar dele. Ficamos preocupadas com a integridade dele'', comentou a prima do jovem, Isabel Cristina de Lima Brambilla.

''Se a Defensoria Pública já estivesse instalada, isso não teria ocorrido, ele não teria passado cinco meses nessa situação'', observou a coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Caroline Thon.

O caso de Carlos Alberto de Lima Junior, de acordo com a OAB, não é único. O 2º DP abrigou recentemente um esquizofrênico que, segundo a entidade, não recebia os medicamentos que deveriam ser fornecidos pelo Estado. O tratamento só era possível porque familiares dele levavam os remédios até a carceragem. Ele foi transferido no início do mês para o sistema penitenciário.
folha web 

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